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Reajustes no preço dos combustíveis não são um problema só dos transportadores, é de toda a sociedade
Nesta segunda-feira (09/05), a Petrobras anunciou mais um novo reajuste no preço do diesel, de 8,87%, que já está valendo em todos os postos de combustíveis. A decisão da estatal aumenta consideravelmente o valor de um dos insumos mais usados no transporte rodoviário, que passou de R$ 4,51 para R$ 4,91 (das refinarias às distribuidoras) e aumento de R$ 0,40 nas bombas, com média de valor de R$ 6,63 ao consumidor.
Os embates bélicos entre a Rússia e a Ucrânia não podem ser a única justificativa para os aumentos desenfreados dos combustíveis em nosso país. Esse problema é estrutural em nossa sociedade, em razão da política de preços adotada pela Petrobras, que produz reflexos nefastos em toda a nossa cadeia econômica.
As sucessivas elevações do valor do óleo diesel não prejudicam uma única categoria, como a dos transportadores autônomos de cargas. Qualquer ajuste, por mínimo que seja, no valor desse combustível impacta, de forma irrestrita e em cadeia, os autônomos, as transportadoras de diversos modais, os empregadores, os trabalhadores e os consumidores finais.
De forma reflexa, a Petrobras, ao chancelar o aumento do diesel, repassa os custos a toda a sociedade, atingindo em cheio o bolso do consumidor final. Reflexos são sentidos em todas as casas dos brasileiros, sendo na compra de alimentos e de itens básicos, no uso do transporte urbano e no particular, na aquisição de qualquer produto e/ou insumo derivado da indústria, no setor de serviços e, no nosso caso, nos fretes rodoviários.
Para se ter ideia que a política da Petrobras é nefasta, outros segmentos já preveem ajustes a maior: no setor empresarial rodoviário de cargas, o aumento acarretará a necessidade de reajuste adicional de no mínimo 3,10%, fator esse que deve ser aplicado emergencialmente nos fretes. Já as empresas de transporte urbano avaliam que o reajuste do diesel pode reduzir a oferta de ônibus, com consequente elevação de 2,97% nas despesas da prestação do serviço.
Por outro lado, os transportadores autônomos de cargas amargam prejuízos há muito tempo, fruto de diversos fatores. Além de dependerem da flutuação dos valores dos barris de petróleo, que impactam na definição dos preços do diesel, a categoria é refém de políticas públicas ineficientes e inaplicáveis dos governos, como a definição do piso mínimo de frete.
Daí indagamos: qual a efetividade de, no início da pandemia, os serviços dos caminhoneiros em rodovias terem sido incluídos e classificados como uma atividade essencial?
Para ser um serviço essencial, faz-se necessário ter condições especiais, ao menos, mínimas possíveis, que promovam a manutenção e o crescimento para o exercício da profissão, sem que, na próxima viagem ou na próxima curva, os nossos autônomos sejam pegos de surpresa no valor do frete ou “assaltados” nas bombas de combustível.
Os transportadores autônomos de cargas estão e sempre estiveram a postos para trabalhar para o Brasil. Mas para isso é preciso ter condições de trabalho dignas, com previsibilidade de atuação, segurança jurídica do que já se foi conquistado.
A Fetrabens e todos os seus sindicatos filiados estão sofrendo os reflexos e os sacrifícios por conta dos aumentos sucessivos do óleo diesel aos transportadores autônomos. Além disso, a Federação destaca que estará ao lado da categoria nas decisões que porventura vierem a ser tomadas hoje, amanhã e sempre.
O nosso lema é transporte, mas não queremos transportar todo o peso da ineficiência estatal nas nossas costas, pois, na atual conjuntura, quem está pagando a conta somos todos nós, iminente o colapso no segmento.
Até quando vamos suportar tudo isso?